Depois daquela balbúrdia que aconteceu no CHAN, com direito a suspensões suspensas, revelações sobre empregados desempregados e comissões de inquérito dependentes substituídas por independentes, que produziram conclusões óbvias e recomendações oportunas, tudo voltou ao normal no seio dos Mambas.
O normal é, por exemplo, em meio a uma convocatória fazer-se a defesa dos excluídos e a desapologia dos escolhidos – claro – como aconteceu em relação aos eleitos de Chiquinho Conde para a dupla jornada diante do campeão africano Senegal. Podemos não ganhar nada, mas temos os melhores treinadores de bancada do mundo.
Crispação rima com encenação?
Bem, cheira que duas figuras grandes (com dimensões distintas) do panorama futebolístico de Moçambique, não se topam e quase que se “txopam”. Isto lembra-me os tempos da escola primária e as famosas indiocas – aquelas réplicas de fisgas que eram feitas de arame e elástico produziram muitos hematomas e inimizades de palmo e meio. Porquê a analogia? Pela semelhança com que se montavam emboscadas inimigas para se fisgarem os amigos. Juro que são cenas maningue parecidas!
O horizonte estampa o desfecho quase incontornável – enquanto o presidente da federação moçambicana de futebol reforça publicamente a confiança em Chiquinho, a quem se refere como “o meu treinador”, nos bastidores desfilam menções desonrosas ao Coach indicado como co-autor da novela de instabilidade que marcou os Mambas, lá na Argélia, onde os atletas começaram a curtir o inverno com roupas de verão…
O mais intrigante do enredo é que ao mesmo tempo que uns tentam apressar o fim do Condado de Chiquinho na seleção de Moçambique, outros cobrem o chão que Feizal Sidat pisa com cascas de banana. Faz lembrar aquelas promoções do tipo paga um, leva dois.
Haverá lavandaria capaz de lidar com a sujidade entranhada no futebol moçambicano? Só cheira a conspiração e reina uma acalmia falsa, a famosa paz podre!
É neste cenário de zonas sob desgoverno de uns e zonas sob descomando de outros que Moçambique prepara dois jogos cruciais no apuramento ao CAN do ano que vem – visita o Ruanda, em Junho e recebe o Benim em Setembro.
Com 4 pontos, isolado na 2ª posição do grupo, os Mambas têm (quase) TUDO para se apurarem ao CAN e regressarem a uma prova que andam a gazetar desde 2010. Mas será que todos queremos que isso se concretize?
Depois não desmintam o Agostinho Mavota quando diz que a derrota prepara-se, a derrota organiza-se. Aliás, há quem jure pela alma da avó que às vezes até pagamos para perdermos…
Afinal, que mal nos fez esta pátria para nos ser tão desamada?
Henrique Aly
NÓS VIVEMOS O DESPORTO!